"Esporte é droga. Pratique guitarra."
"Existem vários guitarristas muito bons por aí, mas posso lhe garantir que sou o único fazendo as coisas que faço. Isto porque não me apresento como um estrela. Vou lá pra tocar composições."
A imagem que se criou através dos tempos de Frank Zappa, tirou dele alguns méritos, entre eles o de ser reconhecido como um dos grandes guitarristas da história. O que ele fazia com suas 6 cordas era produto não só de suas influências teoricamente incoerentes, como de sua postura diante da arte de um modo geral. O solo de guitarra, como o próprio nome diz, é algo que nos acostumamos a encarar como território de quem o faz, tendo naquele momento total licença para fazer o que lhe vier na cabeça. E aí é que está o problema: poucos são aqueles que escolhem esse caminho no fim estão ilesos.
Jeff Beck, Edward Van Halen ( que Zappa uma vez encontrou num corredor e puxando ele pelo braço sentenciou: “... você mudou a história da Guitarra!!” , Eddie confessou depois que não dormiu direito naquele dia ), Eric Clapton, e claro Hendrix , que Zappa tinha uma adoração tão grande pelo som que vinha da guitarra dele, que num show em Miami em 1969 subornou um roadie para conseguir os restos de uma guitarra que tinha sido queimada durante o show. Ele não a queria como troféu, usou os captadores queimados numa Fender Stratocaster e colocou-a no seu cast de instrumentos.
Zappa era um músico erudito mais que não gostava do formato da música erudita, preferia o meio do rock&roll, por isso o improviso para ele era uma composição dentro de outra. Somada a essa postura , vinha o gosto pelo rádio das estações negras, onde B B King, Johnny Guitar Watson e Guitar Slim foram seus ídolos de tenra idade. E exatamente por não conhecer esse modo de pensar de Zappa com improvisador, não sabe o exato motivo dele ter lançado obras exclusivamente com solos de guitarra, “Shut up ´n play yer guitar” (1981) e “Guitar” ( 1988) . São coletâneas dessas suas composições onde a lógica do músico erudito se junta ao admirador do blues que se ouvia nas rádios dos EUA no fim dos anos 50, início dos 60. Indico alguns exemplos do melhor do guitarrista Zappa, mostrando bem o que já falei.
“Uncle Meat” 1969
Um dos meus favoritos, mais se você for Marinheiro de primeira viagem, melhor não começar por aqui.
“Hot rats” – 1969
Esse muitos consideram como o início do Jazz-rock, mais é muito mais que isso.
“Apostrophe”- 1974
Junto com Jack Bruce, constrói uma sonoridade próxima do hard rock da época, fazendo desse disco um do mais populares que gravou.
“Sleep Dirt”- 1979
Um dos meus preferidos, o disco só saiu na forma que Zappa queria mais de 10 anos depois no triplo “Lather”, que corresponde a ele junto com o “Studio tan” e o “Zappa in New YorK”. Recomendo em qualquer formato.
“Joe's Garage” – 1979
Sua obra maior tanto na concepção quanto na execução. Ainda vai ser muito falada nessa série.
“Them Or Us’ – 1984
Esse merece uma menção especial: aqui está a prova de que Steve Vai, o gênio que trascreveu os solos de Zappa enquanto estudava e depois virou músico de sua banda era respeitado. “Stevie's Spanking” é um homenagem que Frank prestou a ele, onde na ficha técnica ele descreveu : Stevie Vai (partes impossíveis de giutarra). No fim, uma versão para,”Whipping post” da Allman Brothers Band.
Com esses “indicações” , espero que possam ouvir um solo de guitarra com outros ouvidos.